Muitas pessoas pensam que abrir um negócio é a melhor maneira de enriquecer. Investem as economias de anos e anos de trabalho árduo como empregado no seu empreendimento, com a expectativa de, depois de algum tempo, conseguirem a tão sonhada independência financeira. Muitas dessas mesmas pessoas dizem que o mercado de ações é muito perigoso. Será mesmo?
Segundo estatísticas do Sebrae, 27% das pequenas empresas abertas no Estado de São Paulo fecham suas portas em menos de um ano de atividade. Em dois anos, mais 10% das empresas fecham suas portas (37% do total); e em três anos, quase metade delas (46%) já fecharam suas portas. Ao final de cinco anos, apenas 42% das empresas permanecem em atividade.
Por que isso acontece? A grande razão para esse grande índice de insucesso das pequenas empresas é a falta de conhecimentos em gestão empresarial. A maioria dos pequenos empresários não tem preparo o suficiente para administrar uma empresa. Não são poucas as exigências: para abrir uma empresa, é necessário preencher uma papelada enorme, registrar a sociedade na junta comercial, junto à Fazenda municipal, estadual e federal, arrumar dezenas de certidões negativas, contratar contador e advogado. É importante aprender um pouco sobre direitos trabalhistas antes de contratar os empregados, para evitar fazer besteira e pagar caro depois. Pagar impostos também dá uma trabalheira danada, porque a legislação tributária é complicada pra caramba. E você ainda corre o risco de contratar um contador incompetente, que só vai te trazer mais problemas depois.
E eu nem falei dos problemas que surgirão depois que a empresa começar a funcionar. Tudo isso a que me referi deve ser enfrentado antes de abrir as portas. Depois, o pequeno empresário tem que controlar estoques, negociar com os fornecedores, administrar a eficiência de seus empregados (não pode xingar os empregados ineficientes nem expô-los ao ridículo, tá? Isso dá indenização por danos morais!). Tem também que controlar seus custos, ter uma publicidade eficiente para conseguir clientes, pensar em soluções que diferenciem sua empresa das demais.
Vou parar por aqui. Já deu pra perceber que dá muito trabalho colocar uma empresa em funcionamento e ter lucro com elas? A maioria dos pequenos empresários não tem a menor ideia de 50% dos requisitos que eu mencionei nos parágrafos acima. E por isso mesmo metade de suas empresas quebra antes de completar cinco anos de funcionamento. É possível ficar rico com uma empresa? É claro! É perfeitamente possível! Mas as probabilidades estão contra você.
Agora, imagine uma segunda situação. Ao invés de abrir você mesmo sua empresa, decide se associar a várias companhias, que já tiveram comprovado sucesso em produzir bons resultados ano a ano. Você não tem mais que se preocupar com legislação tributária ou trabalhista, porque as empresas contratam os melhores advogados e contadores que o dinheiro pode pagar. Não se preocupa com gestão de estoques, propaganda, controle da eficiência dos empregados. Sua única preocupação é estudar a cada trimestre (ou, se você não tiver tempo mesmo, uma vez por ano) os balanços das empresas para verificar se elas estão sendo bem administradas como você supôs inicialmente. Isso é o mercado de ações. Cada ação é um pedacinho de uma empresa. E você pode investir o quanto considerar plausível, comprando uma fração maior ou menor da companhia.
Quando você abre uma empresa, precisa alocar 100% de seu capital no empreendimento. Todas as suas economias são alocadas para um único investimento. E, se você é como a maioria dos pequenos empreendedores, não tem o menor conhecimento de gestão empresarial. Ou seja, você pega todo o seu dinheiro e entrega na mão de uma pessoa não tem a menor idéia do que fazer com ele (err… você mesmo). Você percebe o risco?
Ao investir em ações, você não precisa pegar 100% do seu dinheiro e investir em um único empreendimento. Na verdade, não é necessário nem que você invista 100% de suas economias em ações. Você investe o quanto quiser, o quanto puder, e quando desejar. Se quiser investir 10% de suas economias e colocar o restante em títulos do tesouro ou em outro investimento de renda fixa, você pode. Se você quiser investir em uma única empresa ou em várias companhias, também pode. Ou seja, quem decide o risco que você quer correr é você mesmo. Além disso, ao investir em ações, é perfeitamente possível alocar suas aplicações em empresas de diversos setores diferentes da economia. Quando você abre uma empresa, o único setor em que você investe é aquele em que sua empresa está localizada. Ou seja, se aquele setor tiver problemas, as chances de o negócio dar errado se tornam maiores ainda.
E, ao investir em ações, você nem precisa abandonar o emprego em que está. Ao abrir uma empresa, é preciso estar 100% concentrado em tudo o que acontece nela. E a única fonte de renda de 90% dos empresários do setor é a produzida pela empresa. Ou seja, se você é como a maioria das pessoas e tem que comer, se vestir e sustentar uma família, você precisa tirar dinheiro da empresa praticamente desde sua fundação. Ao investir em ações, contudo, nada impede que você continue com o seu emprego, dependendo do seu patrão (ou do governo, se você é servidor público): ou seja, você tem uma renda praticamente garantida enquanto, aos poucos, vai construindo seu patrimônio, que paulatinamente assegura um fluxo de renda que, no futuro, pode ser suficiente para garantir seu padrão de vida.
E você, o que acha? É mais seguro investir em ações ou abrir um negócio?
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